quarta-feira, 12 de junho de 2013

Podre

Carne em putrefação
Em cima dos montes,
Na beira do mar,
Vagando tranquilamente pelos bosques

Carne em putrefação
Comprando seus lanches, roupas, adornos mil...
Virando algo ou outro o quê...
Médicos, advogados, faxineiros, garis...

Carne em putrefação
Planejando casórios, velórios, consórcios das Casas Bahia
E tomando aviões pra Londres, Paris...
Busões pra Belo Horizonte, Aparecida do Norte
Ou o bairro mais próximo. Ou lá no fim da cidade...

Carne em putrefação
Que nunca se percebe apodrecer
Pobre coitada que se sente imortal. Que se sente a tal...
Não vê que já chega, já chega o final. E se aproxima ligeiro
Mais uns segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e tchau

Mario Sergio

Tão...

Tão doente que o cheiro vaza da carne em necrose
Em nauseantes vapores de desespero e dor

Tão absolutamente irritado que um grão de poeira
Toca o chão e faz um terremoto oito escala Richter

Tão enojado de si mesmo que o próprio reflexo causa vômitos
E as buscas interiormente revelam câmaras cheias de ratos e baratas

Tão amargamente cansado que nem procura mais alívio,
Não há mais travesseiro que o embale nas noites de sombra

Tão acostumado à escuridão que ela se tornou seu habitat
Natural ou sobrenatural... Ele caminha passos enegrecidos

Mario Sergio

Cicuta

Um gole de cicuta pra ver se encurta
O curta-metragem que me está à frente
Dez minutos já é entediante suficientemente

Só um gole, nada mais. Que desça ardendo
Por favor, nada de veneno fino,
Quero um que desenrole logo esse destino
Que teima em me importunar

Mario Sergio