segunda-feira, 25 de junho de 2012

Cale-se e assobie

Naquele tempo, andava num ninho de serpentes e comia frutos proibidos sorridente
Tudo presente mas ausente de tudo, porque o nada estava junto
A falta de sentido tornava a água veneno e o veneno virava suco de limão
"Delícia"... pensamento que ia e vinha e parecia até alucinação ou ões ou cova de leões...
Daniel... Quem clama? Oi. Diga, responda, contradiga, expresse, não se envergonhe
Deixe bater, pulsar, viver. Respire por você e por quem ama, não busque soluções imediatas
Vai querer a cama feita, a roupa passada e comida pronta? Quem te deu tanta manha?

Manha... Manhã... Na manhã, o Sol vem, o Sol brilha, o Sol vem, o Sol brilha...
O Sol... Estrela... Estrela da Manhã... Cova de leão? Daniel? Não... Judá...
Judiar do Leão... Coroa de espinhos... A Cruz. Cada um carregue a sua cruz
Cinge a Coroa de Ouro depois de derramado todo o sangue
Senhor, afasta de mim este Cálice. Está vazio. Quero cheio. Do vinho. Que prometeu
Prometeu antes que eu fosse eu. Agora sou eu e mais eu, sem ninguém

Sem ninguém? Ilusão. Um só coração. Bate o coração, pulsa, vive, vibra
Cadê a ilusão? Desfez-se. Iluminação num poema sem nexo algum
Decifra-me ou não. Não, a dualidade loucura-sanidade pode te tragar
Talvez volte, talvez fique lá no limbo dos que ousaram procurar
E eu fico aqui ouvindo o sabiá. Sabia que o sabiá sabia assobiar?
Sábio sabiá...

Mario Sergio

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